Mulheres e HQs: O fim do preconceito e racismo

Jackie Ormes
Hey pessoal!
Hoje chegamos com tudo, teremos uma postagem em dose dupla, dia 08 foi dia internacional da mulher e dia 21 será dia internacional contra a discriminação racial.
Falaremos sobre a mulher negra nos quadrinhos...ou a falta dela.
A mulher nos quadrinhos sempre está em desvantagem ou em papeis secundários dos personagens masculinos, quase nunca recebe atenção e quando a recebe sofre com algumas distorções da realidade, como padrões de beleza e até comportamento.
Fora do Brasil temos a Ororo Munroe ''Tempestade'' personagem da Marvel Comics, apareceu pela primeira vez em 1975, é de uma linhagem de sacerdotisas africanas, Tempestade não tem papel secundário nas histórias mas segue o estereótipo de beleza e força com um uniforme sexy, ousado e corpão sarado.
O que nos faz pensar é que 51 % da população brasileira é negra, sendo assim como pode a presença da mulher negra ou do personagem negro ser tratada de tal forma desrespeitosa e desvalorizada?
Mas isso não é um problema restrito aos quadrinhos vemos isso em quase todos os lugares.
O professor e pesquisador Nobuyoshi Chinen pesquisou para seu doutorado HQs de 1869 á 2011 e afirma que desde o século XIX existe estereotipização dos negros nas HQs.
Sua tese: A presença do negro nos quadrinhos latino-americanos: Uma breve história. O caso Brasil.
A HQ caricatura e humoriza pessoas e situações, o porém é que a linha de limite entre o fazer rir e a humilhação é extremamente sutil.
O público acaba entendendo mal as estereotipizações e exageros e tomando como normal o que na verdade se torna ofensivo.
A pesquisadora Natânia Nogueira analisou 18 revistas (1200 paginas) entre os anos de 1940, 1941, 1942 e 51 e vejam só a mulher negra apareceu apenas sete vezes e sua presença sempre que imperceptível.
A quadrinista que mais se destacou contra esses preconceitos e estereótipos foi Jackie Ormes.

Jackie Ormes

Jackie começou em um jornal destinado ao público negro, em 1937 deu inicio a série Touchy Brown.
Em 1942 foi para Chicago onde trabalhou no Chicago Defender, principal jornal norte-americano
destinado aos negros, lá em 1945 criou a personagem Candy, personagem a qual Jackie colocou todas suas criticas e idéias sobre a sociedade.
Sempre tratava de assuntos como a segregação racial, politica externa dos EUA, igualdade educacional, bomba atômica, poluição e outros temas que aconteciam na época e apenas ela tinha coragem de mostrar.
Logo depois de Candy Jackie lançou Patty-Jo ‘n’ Ginger, Ginger era jovem, elegante e muito bonita, tinha uma irmã mais nova Patty-Jo que a cada semana, fazia algum tipo de comentário sobre situações polêmicas.
Patty-Jo foi tão aclamada pelo público infantil que virou até boneca.
Nos anos 50 Jackie lança a “Touchy Brown Heartbeats”, em cores, onde faz uma releituras da personagem Touchy, agora ela é uma enfermeira que namora com um médico Paul Hammond, com quem emplaca uma luta contra o racismo e a poluição ambiental.

                                                                     Touchy Brown 


                                                                             Candy

Patty-Jo 'n' Ginger

Touchy Brown Heartbeat

                                                                    Boneca Patty-Jo

Depois de Jackie outras quadrinistas tiveram destaque como:   


                      
                                     Marguerite Abouet                          Criadora de Aya de Yopougon


                  
                                       Barbara Brandon               Criadora das tiras Where I'm Coming From?

Estas foram apenas as pioneiras, com o tempo foi crescente o numero de quadrinistas negras, no The Ormes Society, organização que apoia e ajuda na valorização e divulgação destas quadrinistas foi lançada uma lista com todas estas artistas Torchbearers: Mulheres Negras em Quadrinhos.
A HQ tem efeito pedagógico ela pode combater o preconceito como pode dissemina-lo, o bom é que muitas pessoas tem noção disso e fazem um ótimo trabalho para combater esse mal, um exemplo brasileiro é da porto alegrense Ana Luiza Koehler, formada em arquitetura e urbanismo, que trabalha também como ilustradora desde seus 16 anos.
Ana criou a HQ Beco do Rosário que mostra a modernização de POA, tem como protagonista a jovem Vitória Azambuja que mora no Beco do Rosário com sua avó que foi escravizada e trazida para o Brasil, Vitória é muito inteligente e fica inconformada com o que falam dos becos de POA nos jornais, então começa a escrever a serviço das pessoas que estão sendo despejadas para a abertura de avenidas modernas, mas sera duramente confrontada pelas expectativas que impunha a sociedade daquela época, acabando por conquistar seu espaço onde só os homens tinham exclusividade.
Aqui vocês podem ler mais sobre: Beco do Rosário

                                                                  Ana Luiza Koehler

                                                                   Ana Luiza Koehler

                                                               Estudo de personagem 

                                                            Capa de Beco do Rosário

Fonte: Google imagens
            Beco do Rosário


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